por Carlos Carvalho
O Snowball decorreu em Estocolmo, entre 26 de Dezembro e 2 de Janeiro. Inscrevi-me para aprender uns passos novos, para ter umas aulas que me dessem mais "vocabulário" que me permitisse "falar melhor" nesta língua que é o Lindy Hop. No fim, consegui muito mais do que isso.
As aulas foram, de facto, muito boas. Os professores eram os melhores lindy hoppers do mundo, portanto outra coisa não seria de esperar. Durante uma semana tivemos 10 horas dedicadas ao nosso nível, divididas em quatro sessões distribuídas em quatro dias (duas de manhã e duas à tarde). Para além deste tempo assisti a umas aulas mais curtas, ou "tasters", abertas a todos os níveis, e que serviram para ter um cheirinho de "Balboa", "Charleston" e "Aerials". Fui a todas as aulas, mesmo depois de termos estado "na rambóia" até às cinco da manhã desses dias...
E passamos então para as festas. Um salão gigantesco, as melhores bandas do mundo e centenas de lindy hoppers vindos de todo o mundo, entre os quais os melhores que existem, eram os ingredientes de um prato extraordinário. O início era geralmente a partir das 21h, o final depois das 5h da manhã (hora que chegava muito depressa, só o relógio dava por ela). Era uma delícia olhar à volta: dançava-se muito e muito bem, e só de assistir sentia que estava a aprender. Os pares eram mais que muitos, especialmente ao início da noite, altura em que dançar sem tropeçar ou fazer tropeçar alguém era um verdadeiro desafio (e mais uma oportunidade para aprender qualquer coisa).
A passagem de ano foi o culminar da semana, com muita gente no salão e Gordon Webster Septet (uma banda magnífica da qual o Gordon Webster é o pianista) a animar a noite.
No meio de aulas e festas, o pouco tempo que sobrou mal chegava para dormir e comer qualquer coisa. Ainda assim conseguimos desfrutar das condições magníficas que o Hotel Clarion Sign oferece (a destacar a piscina exterior, no oitavo piso, no meio da neve), dar uma voltinha por Estocolmo e conviver com a malta.
Se exceptuarmos o facto de o aeroporto de Bromma ter fechado às dez da noite e sermos obrigados de voltar para Estocolmo para depois fazer checkin às cinco da manhã, posso dizer que correu tudo acima das minhas expectativas (que eram altas, diga-se).
O grupo tuga foi magnífico e voltamos ao Porto ainda mais amigos, com histórias para contar, fotos para "postar" e vídeos para mostrar.
Há pouco mais de um ano abri a minha conta no facebook e vi que algumas pessoas tinham 2 ou 3 mil amigos. Na altura fiquei a pensar que era impossível alguém conhecer tanta gente, e que provavelmente essas pessoas nunca teriam conhecido em carne e osso a grande maioria desses seus "amigos".
Em Estocolmo percebi que é possível. O Snowball é um encontro de amigos, de irmãos, de gente que gosta de gente e que gosta de se exprimir a dançar. E eu sinto-me um deles.
Para aqueles que ainda têm dúvidas sobre se devem inscrever-se no Snowball em 2011 disse o Frankie Manning: I'd like to tell them... if they're not dancing, get out there and dance! And do the lindy hop 'cause it's going to make them feel good"
